Qual é o seu vilão favorito?

O que é um bom vilão? Um vilão que, no fundo, é bom; ou um vilão que é tão mau que chega a ser muito bom acompanhar?

Existem vários tipos de vilões, na verdade. É muito difícil categorizar esses personagens em uma única frase porque são muito complexos e têm diversas camadas.

Vamos usar a Arlequina como exemplo. Ela é vilã ou vítima?

Se você não sabe a origem dela, a Arlequina começou sua trajetória como uma psiquiatra com uma vida boa, mas que acabou se apaixonando por um paciente – o Coringa. Ele a manipulou e a levou para o mundo do crime, destruindo sua carreira e sua dignidade. De qualquer forma, ela é considerada como uma vilã da DC mesmo sendo apenas uma vítima das artimanhas do Coringa.

O Coringa também é um vilão e, comparando com a Arquelina, é muito pior do que ela. Mesmo assim, os dois entram na mesma categoria: “vilão”.

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Acredito que esse termo seja abstrato demais. É como dizer que eu sou humana, mas existem muitas variações de humanos para que eu possa me descrever apenas como humana. Sim, há uma estrutura – dois olhos, uma boca, sistema nervoso, sistema digestivo etc. -, mas nenhum humano é um clone do outro, nem mesmo gêmeos!

Os vilões se adaptam ao seu ambiente e trabalham de acordo com as armas que seus autores lhes dão. Os que estão em contos de fadas, por exemplo, sempre são mais sutis, mesmo tendo o potencial de serem mais cruéis.

O que quero dizer com isso é que o Lobo Mau com certeza conseguiria matar todos os personagens se ele quisesse. Ele é um lobo entre vários humanos, ele tinha altas chances de vencer, mas, para o conto ter um final feliz, ele perdeu. A força dos vilões é manipulada para agradar o público e para combinar com a história, isso deixa a definição de “vilão” ainda mais complexa.

Ao longo dos últimos anos, o público está gostando mais dos vilões do que dos heróis porque são mais realistas. O próprio Coringa vem sendo destacado em filmes e até mesmo na mídia, mais do que o Batman!  Ele virou uma piada frequente nas redes sociais e, se formos comparar, há mais mídia criando conteúdo baseado nele do que baseado no Batman.

Com tantas definições de vilões, como conseguimos compreender qual é bem feito e qual não é?

Acredito que a melhor forma de responder a essa pergunta é vendo o contexto no qual o personagem foi colocado.

Vamos usar a série de animação “Ever After High” como exemplo. Raven Queen é a filha da Rainha Má, a própria personagem da história da Branca de Neve. Por isso, ela foi destinada a ser uma “rebel”, ou seja, uma vilã. No entanto, Raven é uma pessoa boa e luta pelos direitos dos rebels e os ensina que podem ser quem eles quiserem ser e não uma cópia exata dos pais.

Apple White, filha da Branca de Neve, é a mocinha da história justamente por ser filha de uma princesa. No entanto, não é difícil notar que ela acaba se tornando a verdadeira antagonista da história.

Antagonistas e vilões são diferentes. Antagonistas estão contra o protagonista, enquanto os vilões são maus. Às vezes os antagonistas estão certos, mas pensamos que estão errados por estarmos acompanhando o protagonista, mas, se os papéis fossem invertidos, entenderíamos melhor o lado do antagonista. Enquanto o vilão é mau de uma forma ou de outra.

Apple White é uma antagonista porque ela não quer conquistar o mundo ou algo do tipo. Ela é apenas uma menina privilegiada que não entende os problemas dos outros, mas não por maldade; apenas por falta de conhecimento.

Mesmo assim, ela está mais próxima de uma vilã do que a Raven Queen.

Outro “vilão” (com várias aspas) controverso é o Alex DeLarge, protagonista de “Laranja mecânica”. Ele é o protagonista e, ao longo da história, sua personalidade vai da água para o vinho (ou do vinho para a água, já que ele vai de um babaca para um Zé Ninguém). Alex não é uma pessoa boa nem de longe, mas também acaba se tornando uma vítima quando passa pelo experimento que virou uma imagem icônica no mundo do cinema.

No entanto, por ter passado por uma redenção, será que ele deixa de ser um vilão? Ele liderava uma gangue, estuprava mulheres, chutava mendigos..., então por que ele não é um vilão?

Vamos começar pelo essencial: não tem como existir um vilão sem um herói. Alex é tanto o vilão quanto o herói da sua própria história e por isso mesmo é um personagem que, quando bem explorado, possui muita profundidade.

Apesar de não entrar na categoria “vilão”, Alex continua sendo uma pessoa má. Mesmo após o tratamento, podemos ver com clareza (especificamente no livro) que Alex não mudou nem um pouco e, no fundo, continuou sendo o adolescente pervertido de antes. Apenas mudou anos mais tarde, quando amadureceu e a sabedoria veio junto com a idade (isso aparece em um capítulo extra do livro que não aparece na adaptação do Stanley Kubrick).

E você? Como você categoriza um bom vilão? Acredito que esse seja um critério pessoal, assim como cada um tem seu herói favorito. Cada um admira ou despreza características específicas, como alguns gostam mais dos heróis com poderes e outros preferem os que não têm nenhuma magia, apenas bondade e força de vontade.

“Vilão” é uma categoria muito ampla e cada personagem, mau ou bom, tem sua história de vida e sua profundidade. Qual é o seu vilão favorito? Eu, particularmente, adoro o Frank N’ Further porque, por ser extremamente glamouroso, muitas pessoas que assistem a “Rocky Horror Picture Show” acabam não tendo noção da sua maldade. Ninguém pensa que ele é bom, mas, graças ao seu charme, apenas percebi o quão maléfico, egocêntrico e narcisista era seu plano quando assisti ao filme pela quarta vez!

Os nomes dos meus livros são “Quer jogar? Tesouras não cortam só cabelo” e “Luzes, câmera e vingança”. Ambos estão disponíveis no Kindle e, na versão física, em sites como Mercado Livre, Ponto Frio, Americanas, Casas Bahia etc.! Confira as sinopses:

"Nesta distopia, diversas pessoas pagam um alto preço para assistir e ter a chance de entrar no honrado O Jogo, no qual há um grupo de pessoas e, ali, um assassino. Na Temporada 11, no entanto, algumas coisas dão errado, mudando o destino desse evento para sempre. Entre assassinatos brutais e disputas entre jogadores, a plateia faz apostas e observa-os com fogo nos olhos, mal podemos esperar para descobrir o que acontecerá a seguir." Dilva Camargo Artista Visual.

“Durante o jantar, ocorre uma morte repentina na mesa da família Capellier. No entanto, não podem chamar a polícia porque seu sobrenome não seria muito bem-visto na delegacia por causa do passado de Francisco, um corrupto de primeira classe.

Para a surpresa de todos, ele morre, mas ninguém iria no seu funeral porque era odiado pelo mundo inteiro. Para não deixar passar em branco, os Capellier, uma família burguesa, não podiam perder a oportunidade de convidar seus inimigos (pelo menos, os que podiam listar) para se hospedarem na sua mansão absurdamente glamorosa e compartilhar a raiva mútua que sentiam contra o homem que, agora, estava morto.

Todos aceitam o convite sem pensar duas vezes, mas a família não imagina o quão sedentos por vingança estão os convidados...”

Valéria do Sul

(Deivid Jorge Benetti),

do Portal de Notícias MPV