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Colunistas Leitura

Explicando o sucesso do livro “A Metamorfose”.

A famosa história do homem que se transforma em um inseto.

10/05/2025 09h39
Por: Renatha Pessoa Fonte: Fonte: Renatha Pessoa / Imagem: anônimo no Pinterest
Fonte: Renatha Pessoa / Imagem: anônimo no Pinterest
Fonte: Renatha Pessoa / Imagem: anônimo no Pinterest
 
“Uma certa manhã, Gregor Samsa acordou após sonhos intranquilos metamorfoseado em um inseto monstruoso.”
“A Metamorfose” é um grande clássico, tão conhecido que nem precisei pesquisar a frase que acabei de citar. Eu a sabia de cor. É a primeira frase do livro, mostrando de cara a situação inusitada em que o personagem se encontra. 
O autor é Franz Kafka, um escritor reconhecido por suas histórias extremamente absurdas e fantasiosas trazendo com frequência problemas familiares e questões sobre direitos trabalhistas. Eu mesma já tive que falar sobre ele em diversos trabalhos escolares!
De qualquer forma, vamos analisar um pouco melhor a obra. Gregor se transforma em um inseto gigante e isso naturalmente assusta todo mundo, mas cada personagem tem uma reação diferente. Seu pai o abomina, jogando uma maçã nas suas costas e deixando-a lá até apodrecer. Sua irmã, por outro lado, faz o seu melhor para se adaptar e tenta ajudar oferecendo-lhe comida que, ao longo da história, é cada vez menos desejada por Gregor.
A mãe se oferece para retirar os móveis quando percebe que aquilo não tem mais volta. Ela diz que é para que ele possa se movimentar melhor, mas, na verdade, é uma forma de aceitação da parte dela. Para mim, essa é a parte mais bonita e mais triste do livro simultaneamente. 
A metáfora mais aceita pelo público é a de que o objetivo da obra seja retratar a depressão e como ela impede que a pessoa interaja com as outras normalmente ou até mesmo que consiga trabalhar. Mesmo assim, algo que chama a atenção de muitos leitores é a tranquilidade do personagem com a situação absurda. Tanto é que fazem várias piadas na internet com isso!
Logo no começo, percebemos que a primeira preocupação de Gregor é estar incapacitado de trabalhar. Isso é muito absurdo porque, naquela situação, ninguém pensaria no trabalho... pelo menos é o que pensamos porque, na verdade, pensaríamos! Quando fico muito doente, por exemplo, uma das primeiras coisas em que penso é se vou conseguir ir na aula no dia seguinte.
Também julgamos o pai por não dar apoio algum para o próprio filho, mas... sinceramente... se alguém que eu conheço se transformasse em um inseto gigante... eu iria ficar apavorada e nem iria querer chegar perto por nojo. Sei que isso é extremo e nada otimista, mas essa seria uma reação natural de qualquer um. Acho que, dependendo da pessoa, eu aprenderia a lidar com a situação, mas não posso negar que haveria uma certa repulsa no início. 
“A Metamorfose” é o tipo de livro que nos faz pensar “que horrível a atitude desse personagem”, mas, se pensarmos melhor, pensaríamos em coisas parecidas se estivéssemos inseridos na história.  
Querer tirar os móveis para dar conforto ao inseto que antes era alguém que você amava é uma metáfora para mostrar o carinho que a mãe sentia ao procurar conforto para o filho, mesmo que isso signifique tirar o pouco de humanidade que lhe restava. 
  Acredito que essa história seja muito mais do que apenas o Gregor. Ele é o protagonista e o centro do livro, mas analisar os outros personagens é muito mais interessante do que focar apenas nele. Isso acontece porque ele fica repetindo várias vezes a sua situação e se deteriorando ao longo das páginas, por isso a diferença que fez a história ser tão interessante é o fato de as reações da família irem mudando de página em página. 
Algo que seria impossível confirmar (mesmo tendo várias provas) é que “A Metamorfose” foi escrita com muita raiva e sinceridade. O tom sarcástico que transparece na escrita também dá a sensação de que o Kafka estava tentando expressar sua dor com um pouco mais de leveza mesmo criando um inseto gigante para representar suas inseguranças.
Quando analisamos a vida do Kafka e a comparamos com a do Gregor, podemos notar com facilidade que são muito parecidas. Aqui está um trecho de “A Metamorfose”:
 
“Se não me contivesse, por causa dos meus pais, teria pedido demissão há muito tempo; teria me postado diante do chefe e dito o que penso do fundo do coração. Ele iria cair da sua banca! Também, é estranho o modo como toma assento nela e fala de cima para baixo com o funcionário – que além do mais precisa se aproximar bastante por causa da surdez do chefe.”
 
Kafka tinha problemas com o pai porque ele queria que fosse um advogado de sucesso e o forçou a isso. O pai do livro com certeza se remete ao seu pai da vida real, que o consideraria um inútil ao parar de trabalhar, explicando com maior clareza o porquê de Gregor ficar tão preocupado com seu emprego mesmo estando em tal situação.
Podemos tirar várias conclusões dessa história. Existem vários pontos de vista e, na vida real, várias discussões sobre a obra. Hoje em dia, Franz Kafka é um autor renomado e reconhecido mundialmente, tendo “A Metamorfose” como sua maior obra. Teve um grande impacto no mundo da literatura e adivinha? Sua ideia inicial não era publicar o que escrevia e só foi reconhecido após sua morte.
Confira meu podcast “Café com Leite e Conversas”! Nele eu entrevisto artistas de Porto Alegre sobre suas carreiras. No link a seguir, você terá acesso à entrevista com o escritor “Mauro Medeiros”: https://youtu.be/VUrM41wc55M?si=jKOe2I9d10WbmBbv
Os nomes dos meus livros são “Quer jogar? Tesouras não cortam só cabelo”, “Luzes, câmera e vingança” e “Triângulos: o último banquete”. Todos estão disponíveis no Kindle, na Amazon e também no site Um Livro! Confira as sinopses:
"Nesta distopia, diversas pessoas pagam um alto preço para assistir e ter a chance de entrar no honrado O Jogo, no qual há um grupo de pessoas e, ali, um assassino. Na Temporada 11, no entanto, algumas coisas dão errado, mudando o destino desse evento para sempre. Entre assassinatos brutais e disputas entre jogadores, a plateia faz apostas e observa-os com fogo nos olhos, mal podemos esperar para descobrir o que acontecerá a seguir." Dilva Camargo Artista Visual.
“Durante o jantar, ocorre uma morte repentina na mesa da família Capellier. No entanto, não podem chamar a polícia porque seu sobrenome não seria muito bem-visto na delegacia por causa do passado de Francisco, um corrupto de primeira classe.
Para a surpresa de todos, ele morre, mas ninguém iria no seu funeral porque era odiado pelo mundo inteiro. Para não deixar passar em branco, os Capellier, uma família burguesa, não podiam perder a oportunidade de convidar seus inimigos (pelo menos, os que podiam listar) para se hospedarem na sua mansão absurdamente glamorosa e compartilhar a raiva mútua que sentiam contra o homem que, agora, estava morto.
Todos aceitam o convite sem pensar duas vezes, mas a família não imagina o quão sedentos por vingança estão os convidados...”
Valéria do Sul
(Deivid Jorge Benetti),
do Portal de Notícias MPV
“Se algo pode ser dito sobre Triângulos: o último banquete, de Renatha Pessoa, é que se trata de algo bastante original. Uma experiência literária própria e corajosa, onde o simbolismo das formas geométricas ora aponta para o psicológico, ora para o social num mundo cheio de caos e fúria. Concomitantemente, esse mundo feroz é ordenado e pasteurizado, padronizado por normas, notas e regulamentos de todo tipo, que surgem e desaparecem sem explicação ou questionamento, um mundo frio e insípido que não chega a fazer sentido nunca, mas que recupera sua inteireza nos momentos de rituais de dor e morte, um mundo onde a rainha louca de Alice venceu completamente.”
Everton Nobre

 

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Renatha Pessoa - Escritora
Sobre Renatha Pessoa - Escritora
A coluna esta nas mãos de uma escritora com 14 anos de idade apaixonada por literatura. Que já publicou seu livro “Quer jogar? Tesouras não cortam só cabelo” Ele já está disponível. Falarei sobre informações literárias, desde dicas para escritores até o sumiço da Agatha Christie.Este espaço reservado especialmente para aqueles que gostam de livros e querem saber mais. Para quem pesquisa sobre autores, procuram significados em cada palavra e amam colecionar marca-páginas.
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