O café moído vive seu momento mais caro desde a criação do real: o produto acumula inflação de 80,2% nos últimos 12 meses, a maior variação em 31 anos, segundo dados do IPCA divulgados pelo IBGE. A escalada de preços - que supera até os itens básicos da cesta familiar - reflete uma tempestade perfeita: estoques industriais no limite e safras prejudicadas por eventos climáticos extremos. Em Porto Alegre, a situação é ainda mais crítica, com o produto chegando a quase dobrar de valor (99,4%).
O cenário atual supera até os tempos hiperinflacionários pré-Plano Real. Embora entre junho/1994 e maio/1995 tenha sido registrada alta de 85,5%, o período ainda incluía resquícios da descontrolada economia do cruzeiro. Desta vez, o choque é ainda mais sentido no bolso dos brasileiros, já que o café, embora não seja essencial, está presente em 76% dos lares do país, segundo estimativas, sem contar o consumo em estabelecimentos comerciais.
Apenas em abril, o produto subiu 4,48%, seguindo a tendência de março (8,14%). O impacto foi tão significativo que o café se tornou o principal vetor de pressão no grupo alimentação e bebidas, responsável pela maior parcela da inflação geral de 0,43% no mês. Enquanto Goiânia acompanha Porto Alegre no topo do ranking (97%), Recife (61,63%) e São Paulo (65,34%) apresentaram as altas mais modestas.
Especialistas alertam que a situação deve permanecer crítica enquanto a oferta não se normalizar. Com os estoques em níveis críticos e o clima ainda imprevisível, os brasileiros precisam se preparar para pagar cada vez mais caro pelo tradicional cafezinho - um golpe duro em um produto que é quase um símbolo nacional. A crise já coloca o item como principal vilão da inflação alimentar, que acumula alta de 7,81% no ano.
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