Em depoimento tenso ao STF nesta terça (10), Jair Bolsonaro fez uma admissão inédita: atacou ministros da Corte "sem indícios" durante reunião ministerial em 2022. "Era um desabafo (...) me desculpem", disse ao ser confrontado por Alexandre de Moraes com gravações. O ex-presidente, porém, negou veementemente envolvimento com os ataques de 8 de janeiro - chamando intervencionistas de "malucos" - e manteve críticas ao sistema eleitoral, classificando as urnas como "inauditáveis", tese prontamente rebatida por Moraes.
O depoimento contrasta com a delação premiada de Mauro Cid, que afirmou na segunda (9) que Bolsonaro editou pessoalmente a minuta golpista, retirando nomes de autoridades que seriam presas. Já o ex-ministro Anderson Torres, interrogado nesta terça, alegou que o documento encontrado em sua casa era "lixo esquecido". O almirante Garnier Santos negou qualquer planejamento golpista nas Forças Armadas, descrevendo reuniões com Bolsonaro como "estranhas" mas inconclusivas.
A PGR acusa o grupo de crimes contra a democracia, incluindo organização criminosa e tentativa de golpe. As penas podem ultrapassar 30 anos de prisão. Enquanto Ramagem negou uso da Abin para espionagem, os interrogados utilizaram estratégias distintas: Garnier e Torres minimizaram documentos, Bolsonaro misturou meias-verdades com retórica política, e Cid entregou detalhes operacionais da suposta trama.
O caso deve ir a julgamento no 2º semestre de 2025, com o STF analisando contradições entre as versões. Enquanto a defesa de Bolsonaro insiste na falta de provas materiais, a acusação aposta no acúmulo de testemunhos e documentos para comprovar a articulação antidemocrática. A decisão final promete reacender o debate sobre os limites do ativismo judicial e o legado bolsonarista.
Mín. 11° Máx. 19°
Mín. 11° Máx. 18°
ChuvaMín. 6° Máx. 14°
Chuva