A morte de quatro moradores de rua durante o recente frio em Porto Alegre levou a um tenso debate na Câmara de Vereadores nesta terça-feira (10). Convocado pelo vereador Pedro Ruas (PSOL), o encontro reuniu poder público e entidades em meio a denúncias de recolhimento de pertences e críticas à efetividade das políticas de acolhimento. Enquanto a Prefeitura destacou a ampliação de 120 vagas na Operação Inverno, ativistas apontaram falhas estruturais: "É humilhante tratar pessoas como lixo", disparou Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
O representante do Movimento Nacional da População de Rua, Alexandre Português, descreveu um cenário "péssimo", onde regras rígidas nos abrigos – como proibição de álcool e saída obrigatória ao amanhecer – afastam os mais vulneráveis. O vereador Ruas defendeu o direito de escolha: "Se querem ficar sob viadutos, devem ter proteção, não repressão". Já o secretário Matheus Xavier revelou um paradoxo: nos dias das mortes, havia vagas disponíveis. Em uma ronda recente, apenas 1 em 41 pessoas aceitou acolhimento.
A saúde pública emergiu como preocupação central. A secretária adjunta Jaqueline Rocha admitiu que dois óbitos envolveram condições crônicas agravadas, mas a falta de necropsias deixou em aberto o papel da hipotermia. Enquanto isso, a Guarda Municipal negou recolher pertences, posicionando-se como "garantidora de direitos". O comando afirmou apurar qualquer denúncia de abuso.
O debate expôs um dilema humanitário: como equilibrar oferta de serviços com autonomia individual? Enquanto a Prefeitura investe em auxílio-moradia (248 concedidos) e atendimento móvel, organizações cobram políticas menos burocráticas e mais dignas. Com temperaturas caindo abaixo de 10°C nesta semana, a cidade corre contra o tempo para evitar novas tragédias.
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