O mercado cambial brasileiro vivenciou um dia de volatilidade nesta quarta-feira (12/06), com o dólar comercial encerrando as negociações cotado a R$ 5,40, um aumento de 0,86% em relação ao dia anterior. Esse valor representa o maior patamar desde janeiro de 2023, quando a moeda americana atingiu R$ 5,45.
Ontem, no final da tarde, a moeda operava com uma leve alta, girando em torno de R$ 5,36. No entanto, começou a subir rapidamente, alcançando R$ 5,40, influenciada pelos discursos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nos Estados Unidos, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Powell adotou um tom mais firme em relação ao controle da inflação nos Estados Unidos. O Fed anunciou nesta quarta-feira a manutenção da atual taxa de juros, algo já amplamente previsto pelos analistas, e afirmou que espera apenas um corte na taxa de juros americana ainda este ano.
Antes da decisão, os investidores esperavam que o Fed cortasse as taxas duas vezes até o final do ano, com alta probabilidade de um primeiro corte já em setembro, conforme indicavam os contratos futuros. No comunicado mais recente, o banco central americano projetava três reduções.
Taxas de juros elevadas por um período prolongado nos Estados Unidos tendem a reduzir a atratividade dos retornos em países emergentes, como o Brasil, além de exercer pressão sobre o dólar.
Gustavo Okuyama, gerente de portfólio da Porto Asset Management, considera que a decisão do Fed de adotar um tom mais restritivo e reduzir sua previsão de três cortes de juros em 2024 para apenas um surpreendeu o mercado. Isso foi especialmente inesperado após a divulgação dos dados de inflação, que ficaram abaixo das expectativas dos analistas:
“Os números da inflação vieram bons, então isso poderia ter deixado o tom dos diretores mais dovish (menos restritivos), mas isso não aconteceu. Mesmo com essa inflação, eles escolheram transmitir uma mensagem mais dura. O mercado estava se posicionando para uma postura mais branda”, ele comenta.
Anteriormente, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos referente a maio ficou abaixo das expectativas do mercado. O indicador permaneceu estável em relação ao mês anterior, após ter registrado um aumento de 0,3% em abril. Nos últimos 12 meses, os preços subiram 3,3%, ligeiramente abaixo da previsão de 3,4% feita pelos analistas.
No exterior, as ações chegaram a perder força após o comunicado do Fed e o discurso de Powell. Ainda assim, os índices S&P 500 e Nasdaq 100, da Bolsa americana, terminaram em níveis recordes de fechamento, e o dólar se desvalorizou em relação a outras moedas.
Simone Tebet, declarou que os gastos obrigatórios do Orçamento são insustentáveis e que a revisão desses gastos envolve toda a equipe econômica, não apenas o Ministério do Planejamento. A ministra também afirmou que definir uma meta zero seria "impossível", mas assegurou que o governo respeitará os limites estabelecidos. O mercado interpretou isso como mais um sinal da falta de compromisso do governo com a meta fiscal.
O objetivo deste ano é atingir um déficit zero, permitindo uma margem de tolerância para um déficit de até 0,25% do PIB.
“Ela deveria tranquilizar o mercado e dizer que a meta é plausível de ser alcançada. Como já está tudo muito nebuloso em relação ao cenário fiscal, se à Tebet estivesse falando em outro momento, mais ameno, talvez nem tivéssemos visto essa reação”, afirma Luan Aral, especialista em dólar da Genial Investimentos, assinalando o tuíte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais cedo, que pressionou os ativos. Para ele, esse foi o principal fator que influenciou a alta do dólar no dia.
Lula declarou em um evento no Rio e em uma publicação no X (anteriormente conhecido como Twitter) que "o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão alcançar a meta de déficit sem comprometer os investimentos". A afirmação causou desconforto no mercado, que interpretou que o equilíbrio das contas públicas seria alcançado por meio de mais impostos, em vez de cortes de gastos.
O dia foi marcado por reviravoltas para o dólar. A moeda iniciou em leve alta, mas despencou após dados de inflação nos EUA em maio decepcionarem as expectativas. Esse cenário sinalizou uma possível desaceleração dos preços americanos, abrindo caminho para cortes de juros pelo Federal Reserve ainda este ano.
No entanto, a reviravolta veio logo em seguida: o dólar retomou o fôlego e atingiu o pico do dia após declarações do presidente Lula sobre a situação fiscal do Brasil.
Não bastace o que já apresentamos, analistas avaliam a decisão do Senado de devolver parte da Medida Provisória (MP) do PIS/Cofins ao governo federal como um revés para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A MP, que visava limitar o uso de créditos tributários para compensar pagamentos de impostos, gerou forte reação negativa, principalmente entre o setor empresarial, tornando-se mais um fator que pressionou a alta do dólar.
A devolução parcial da MP pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na véspera, sinaliza a fragilidade da medida e a pressão exercida por diversos setores da sociedade. A medida, que buscava aumentar a arrecadação de impostos, encontrou resistência devido ao impacto negativo que causaria na atividade econômica.
Especialistas interpretam a decisão do Senado como um indicador da força da oposição ao governo e da necessidade de diálogo mais efetivo com o setor privado na busca por soluções fiscais. A devolução da MP abre espaço para a discussão de alternativas que conciliem o aumento da arrecadação com a manutenção da competitividade da economia.
Resta saber se o governo conseguirá apresentar uma nova proposta que atenda às demandas do mercado e do Congresso Nacional. A busca por um equilíbrio entre a necessidade de arrecadação e o fomento à atividade econômica será um desafio crucial para o ministro da Fazenda Haddad.
Em resumo, o dia foi um verdadeiro carrossel para o dólar, influenciado por fatores globais e domésticos. A inflação americana e as perspectivas de juros ditaram o ritmo inicial, enquanto as falas de Lula sobre a economia brasileira e a decisão do Senado em devolver parte da Medida Provisória (MP) do PIS/Cofins ao governo federal influenciaram a recuperação posterior da moeda.
A divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em maio também influenciou o mercado. Apesar de ter vindo abaixo das projeções dos analistas, permanecendo estável no mês após um aumento de 0,3% em abril, o dado não foi suficiente para amenizar a postura do Fed.
O dólar está em alta e diversos fatores contribuem para essa valorização. Vamos analisar os principais:
1. Decisão do Federal Reserve:
O Banco Central dos Estados Unidos (Fed) decidiu manter a taxa de juros inalterada.
Essa medida, combinada com a expectativa de apenas um corte na taxa até o final do ano, indica uma postura mais cautelosa do Fed no combate à inflação.
Essa postura torna os investimentos em países emergentes, como o Brasil, menos atrativos, pois os retornos em dólares ficam mais vantajosos.
2. Menor Atratividade de Investimentos no Brasil:
Com o aumento da taxa de juros nos EUA, os investimentos em renda fixa no Brasil ficam menos atrativos, pois oferecem menores retornos.
Essa menor atratividade leva os investidores a buscarem alternativas em outros países, como os EUA, aumentando a demanda pelo dólar.
3. Aumento da Demanda pelo Dólar:
A combinação de fatores como a postura do Fed e a menor atratividade de investimentos no Brasil aumenta a demanda pela moeda americana.
Essa maior demanda pressiona o valor do dólar para cima, levando à sua valorização.
4. Decisão do Senado de Devolver Parte da MP:
Sinaliza a fragilidade da medida e a pressão exercida por diversos setores da sociedade.
Resistência devido ao impacto negativo que causaria na atividade econômica.
Um indicador da força da oposição ao governo.
A valorização do dólar frente ao real tem diversas implicações para a economia brasileira. Uma delas é o aumento do custo das importações, o que pode levar a um novo impulso inflacionário. Além disso, a desvalorização da moeda nacional torna os investimentos em reais menos atrativos para estrangeiros, o que pode afetar o fluxo de capital externo para o país.
A decisão do Fed de manter a taxa de juros inalterada e a expectativa de apenas um corte até o final do ano sinalizam uma postura mais cautelosa no combate à inflação.
Essa postura torna os investimentos em países emergentes menos atrativos, o que aumenta a demanda pelo dólar e leva à sua valorização.
É importante lembrar que o mercado de câmbio é complexo e diversos outros fatores podem influenciar o valor do dólar, como a situação econômica global e eventos políticos.
A valorização do dólar pode ter impactos negativos na economia brasileira, como encarecer importações e aumentar a inflação.
É importante acompanhar as notícias e análises sobre o mercado de câmbio para se manter atualizado sobre os fatores que podem influenciar o valor do dólar.
Se você possui investimentos em dólar, é importante acompanhar o desempenho do mercado e tomar decisões de acordo com seus objetivos financeiros.
Se você está pensando em investir em dólar, é importante consultar um profissional especializado para avaliar os riscos e oportunidades envolvidos.
O dia 12 de junho de 2024 foi marcado por um cenário desafiador para o mercado cambial brasileiro. A combinação de fatores internacionais e domésticos, como a postura do Fed, a inflação americana, as declarações do presidente Lula e a devolução da MP do PIS/Cofins, pressionou o dólar para cima, levando-o a atingir o maior patamar em 17 meses. Resta saber como o mercado reagirá nos próximos dias e quais serão os impactos da alta do dólar para a economia brasileira no longo prazo.
Redação: Colunista Paulo Negretto
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