Terça, 11 de Fevereiro de 2025
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Colunistas Economia

Produção de Hidrogênio Verde no Rio Grande do Sul.

Projeto energético depende de pesquisa e incentivos.

01/08/2024 12h16 Atualizada há 6 meses
Por: Fonte: Correio do Povo
Fonte: Correio do Povo - “Hidrogênio Verde” - Foto: Fabian Sommer / dpa / AFP
Fonte: Correio do Povo - “Hidrogênio Verde” - Foto: Fabian Sommer / dpa / AFP

O hidrogênio verde emerge como uma das promessas mais promissoras no cenário energético global, com potencial para revolucionar indústrias e contribuir significativamente para a descarbonização. No Rio Grande do Sul, um estado conhecido por sua matriz energética diversificada e crescente interesse em energias renováveis, o desenvolvimento da produção de hidrogênio verde ainda está em estágio embrionário, mas com grande potencial. Com o 4º Fórum de Energias Renováveis, a ser realizado em 15 de agosto na PUCRS, especialistas, pesquisadores e empresários se reúnem para discutir as oportunidades e desafios dessa indústria emergente. Este evento visa aprofundar as discussões sobre o cenário atual e futuro do hidrogênio verde no estado, explorando sua viabilidade tecnológica, desafios econômicos e potenciais impactos ambientais e econômicos.

O Cenário do Hidrogênio Verde no Mundo e no Brasil:

O hidrogênio é um elemento químico amplamente utilizado na indústria, especialmente em setores que demandam processos de alta energia, como siderurgia, produção de fertilizantes e indústrias químicas. No entanto, a produção atual é dominada pelo hidrogênio cinza, que é obtido através de processos que emitem grandes quantidades de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa. A Agência Internacional de Energia (IEA) estima que 99% do consumo mundial de hidrogênio é proveniente de fontes não-renováveis, tornando urgente a transição para alternativas mais limpas.

No Brasil, o potencial para a produção de hidrogênio verde é significativo devido à abundância de recursos renováveis, como energia solar e eólica. Segundo um estudo da BloombergNEF (BNEF), o país pode se tornar o produtor mais barato de hidrogênio verde até 2030, com custos estimados em US$1,45 por quilo. Esse cenário é favorecido pela alta capacidade instalada de energias renováveis, que pode ser utilizada para alimentar eletrolisadores — dispositivos que separam o hidrogênio da água através de eletrólise.

Desafios e Oportunidades no Rio Grande do Sul:

Apesar do grande potencial, a produção de hidrogênio verde ainda enfrenta vários desafios. O alto custo de produção é um dos principais obstáculos, principalmente devido ao preço elevado dos eletrolisadores e da energia elétrica necessária para o processo de eletrólise. Além disso, a infraestrutura necessária para armazenamento e transporte de hidrogênio é limitada, o que torna a logística um desafio adicional.

No entanto, o Rio Grande do Sul possui características que podem favorecer o desenvolvimento dessa indústria. O estado é um dos líderes na produção de energia eólica no Brasil e tem investido em projetos de energia solar, o que proporciona uma base sólida para a geração de eletricidade renovável. Além disso, o governo estadual tem demonstrado interesse em atrair investimentos para o setor de energias renováveis, oferecendo incentivos fiscais e promovendo parcerias público-privadas.

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O 4º Fórum de Energias Renováveis e a Discussão sobre o Hidrogênio Verde:

O 4º Fórum de Energias Renováveis, que ocorrerá em 15 de agosto na PUCRS, será um marco importante para a discussão sobre o hidrogênio verde no Rio Grande do Sul. O evento reunirá especialistas de diversas áreas para discutir as possibilidades e os desafios dessa nova indústria. Entre os temas a serem abordados estão as tecnologias de produção de hidrogênio, as políticas públicas necessárias para incentivar o setor, as oportunidades de mercado e os impactos ambientais.

Espera-se que o evento sirva como um catalisador para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde no estado. A presença de representantes do setor privado, acadêmico e governamental cria um ambiente propício para a troca de conhecimentos e o estabelecimento de parcerias estratégicas. Além disso, o fórum oferecerá uma plataforma para discutir os incentivos necessários para tornar o hidrogênio verde competitivo em termos de custo e acessível para diversos setores da economia.

Aplicações e Benefícios do Hidrogênio Verde:

O hidrogênio verde pode ser utilizado em uma ampla gama de aplicações industriais e energéticas. Na indústria, ele pode substituir o hidrogênio cinza em processos de produção de fertilizantes, plásticos, fibras e produtos de limpeza, entre outros. Na geração de energia, o hidrogênio pode ser utilizado como combustível em células de combustível para veículos elétricos e na produção de eletricidade, embora sua eficiência ainda seja menor comparada a outras fontes de energia renovável, como hidrelétricas, solares e eólicas.

Um dos maiores benefícios do hidrogênio verde é sua contribuição para a redução das emissões de gases de efeito estufa. A substituição do hidrogênio cinza pelo verde pode reduzir significativamente as emissões de carbono em indústrias pesadas. Por exemplo, na produção de café no Brasil, a substituição dos fertilizantes convencionais pelos produzidos a partir de hidrogênio verde pode reduzir a pegada de carbono em quase 60%, segundo a fabricante de fertilizantes verdes Atlas Agro.

1- Aplicações do Hidrogênio:

O hidrogênio é um químico muito utilizado nas “indústrias pesadas”, como:

  • Siderúrgicas;

  • Fábricas de fertilizantes;

  • Fábricas de fibras e plásticos;

  • Fábricas de produtos de limpeza;

  • Fábricas de explosivos;

  • Produção de “gordura hidrogenada” na indústria alimentícia.

Outras aplicações:

  • Combustível gerador de eletricidade para carros elétricos a motor (considerado menos eficiente quando comparado às baterias elétricas).

  • Vetor energético, capaz de armazenar energia.

  • Geração de energia elétrica (considerado menos eficiente quando comparado às fontes de energia usuais, como hidrelétricas, usinas solares e eólicas).

2- Benefícios Ambientais:

  • A substituição em escala do hidrogênio cinza pelo hidrogênio verde permitiria a redução de toneladas de carbono e outros gases do efeito estufa que são emitidos na atmosfera;

  • Segundo informações da fabricante de fertilizantes verdes Atlas Agro, somente na produção de café do Brasil haveria uma redução de quase 60% da pegada de carbono ao alternar o fertilizante cinza importando para o nacional verde.

Iniciativas e Investimentos Necessários:

Para que o hidrogênio verde se torne uma realidade viável no Rio Grande do Sul, são necessários investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento, além de incentivos fiscais e apoio governamental. A criação de um marco regulatório que estabeleça normas claras para a produção, armazenamento e transporte de hidrogênio é fundamental para atrair investimentos e garantir a segurança do processo.

Além disso, é crucial investir em infraestrutura, como a construção de plantas de eletrolisadores e sistemas de armazenamento e distribuição de hidrogênio. A colaboração entre o setor público e privado será essencial para viabilizar esses investimentos e acelerar o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde no estado.

Perspectivas Futuras:

O futuro da produção de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul e no Brasil é promissor, mas depende de uma série de fatores. A queda nos custos de produção, impulsionada por avanços tecnológicos e economias de escala, será crucial para tornar o hidrogênio verde competitivo no mercado. Além disso, o desenvolvimento de uma infraestrutura robusta e a implementação de políticas públicas favoráveis são essenciais para o crescimento do setor.

No longo prazo, o hidrogênio verde pode se tornar uma peça chave na matriz energética do Brasil e uma importante commodity para exportação. Com uma demanda crescente por soluções energéticas limpas e sustentáveis em todo o mundo, o hidrogênio verde oferece ao Brasil uma oportunidade única de se posicionar como líder global na produção e exportação desse recurso.

A produção de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul representa uma oportunidade estratégica para o estado e para o Brasil como um todo. Apesar dos desafios significativos, como o alto custo de produção e a necessidade de investimentos em infraestrutura, o potencial de crescimento do setor é enorme. Com o apoio de políticas públicas, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e a colaboração entre o setor público e privado, o Rio Grande do Sul pode se tornar um polo importante para a produção de hidrogênio verde.

O 4º Fórum de Energias Renováveis será uma oportunidade crucial para discutir essas questões e traçar um caminho para o futuro do hidrogênio verde no estado. O evento promete ser um ponto de convergência para ideias inovadoras e soluções práticas, que podem acelerar o desenvolvimento dessa indústria promissora e contribuir para a transição para uma economia de baixo carbono. A expectativa é que, com o tempo, o hidrogênio verde se torne uma alternativa viável e competitiva, ajudando a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promovendo o desenvolvimento econômico sustentável.

Redação: Colunista Paulo Negretto

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