Quando criamos um personagem, sempre temos um objetivo. Já sabemos se ele vai ser antagonista, protagonista ou personagem secundário. Também sabemos um pouco sobre sua personalidade. É covarde? Corajoso? Mesmo assim, é pouco para criar um personagem completo.
No início de uma história, isso é extremamente comum. Até mesmo necessário. Não tem como saber cada detalhe de um livro quando estamos escrevendo a primeira página!
Acredito que os personagens criam a própria história. Não podemos controla-los apenas para que sigam nossos planos. Se você sentir que o personagem quer virar vilão, permita. Não fique parado na história apenas para seguir um roteiro.
Eu, particularmente, não crio roteiros antes de escrever. Enquanto escrevo, anoto informações importantes, mas não planejo muito antes. Sinto que a escrita fica mecânica quando isso acontece porque o escritor fica pensando muito naquele plano específico ao invés de deixar a história fluir.
É muito importante que o personagem tenha desenvolvimento. Ele não pode ser exatamente igual no início e no final da obra. Alguma coisa, mesmo que seja um mínimo detalhe, deve mudar.
Um camponês que vira o líder de uma revolução, por exemplo. Muitos podem pensar que isso é só “seguir o rumo da história”, mas tem muita coisa por trás. Para que esse camponês virasse líder, ele teve que passar por diversas experiências que fizeram com que essa revolta surgisse.
Explique quais foram essas experiências; o que aconteceu; o porquê de elas terem afetado tanto sua vida; em qual momento ele decidiu se rebelar etc.
Explique tudo! O leitor quer entrar de cabeça na história e, se o autor não permitir (evitando detalhes, deixando de explicar coisas “desnecessárias” e indo direto para a missão principal), não vai ter como.
O público geralmente gosta de histórias rápidas, mas elas não precisam ser lentas para ficarem bem explicadas. Mostre a história por meio de diálogos e gestos para não perder muito tempo explicando, mas não deixe as informações de fora. Não se preocupe, os personagens sempre vão mostrar um pouco de si mesmos.
No meu livro, “Quer jogar? Tesouras não cortam só cabelo”, tenho uma personagem que ama rock. Não precisei passar cenas e cenas explicando isso porque já ficou claro na primeira cena. Isso aconteceu por causa do seu cabelo bagunçado e da forma de se vestir. A Grace tem muita personalidade, com certeza.
Personagens devem ter problemas e, também, momentos bons. Muitos escritores escolhem apenas uma dessas categorias, o que deixa o personagem previsível. Se tudo sempre dá errado, o público já pode deduzir que, na próxima vez, também vai dar errado.
Nem mesmo na vida real somos iguais todos os dias. Às vezes, estamos com mais energia do que o normal. Mesmo assim, também tem dias em que ficamos largados no sofá maratonando “Friends”.
Evite ao máximo a monotonia. Sempre mude alguma coisa. Aprimore. Adicione. Subtraia, se for necessário! Mate o Fulano, ressuscite o Ciclano – mude!
As histórias mais conhecidas são aquelas com mais reviravoltas e, por consequência, com os personagens mais malucos. O público não gosta dos certinhos. Sempre vai ser mais divertido acompanhar um personagem lelé da cuca porque a história tem mais ação e aventura.
Um personagem icônico que todos odeiam, por exemplo, é o John Kramer, também conhecido como Jig Saw. Não é um personagem criado para ser adorado pelo público, muito pelo contrário! Foi escrito justamente para despertar o ódio.
Para quem não sabe, John é um homem com câncer que tortura pessoas ingratas porque acha injusto que elas possam viver e ele não. Falando assim, até faz sentido, mas garanto que quem assistiu a “Jogos Mortais” não vai achar tão bonito assim.
No final do primeiro filme da saga, descobrimos que o corpo que estava jogado no chão, na verdade, era John o tempo inteiro! Ele havia tomado um remédio para desmaiar, fazendo com que acordasse apenas no final dos desafios.
Foi um final chocante e marcante. Ele estava ali o tempo inteiro! Ele estava vivo!
Um personagem que bate bem da cabeça nunca teria o mesmo impacto.
Quando falamos sobre personagens malucos, temos que pensar no que os levou a ficar desse jeito. Quais foram seus traumas? Isso nos leva a falar sobre outra personagem da mesma saga, Amanda Young.
No primeiro filme, conseguiu sobreviver a um dos desafios do Jig Saw: a armadilha de urso reversa. Nela, Amanda teve que usar um “capacete” que explodiria se ela não o abrisse. O problema era que a chave estava dentro do estômago de alguém importante para ela.
Como foi a única vítima que sobreviveu, virou cúmplice do Jig Saw. Toda ação tem uma reação. Nesse caso, além de sobreviver, conseguiu levantar uma questão: será que a morte, às vezes, não seria melhor?
Bons personagens nos fazem refletir. Admiro muito o Gimli, o anão de “O Senhor dos Anéis”. Poderia falar sobre qualquer personagem dessa trilogia porque todos têm profundidade, mas Gimli chamou minha atenção.
Ele é uma anão, ou seja, inimigo dos elfos por natureza. É uma inimizade comum e quase obrigatória em livros de fantasia. Por quê? Também não sei, mas os elfos nunca parecem ser muito amigáveis com outros povos por considerarem a si mesmos como superiores.
Mesmo assim, Gimli entra na Sociedade do Anel. Acompanha Legolas e Aragorn por uma longa jornada, mesmo ficando um pouco para trás por ter as pernas curtas. Também entra na caverna com os espíritos mesmo estando com medo. Além disso, luta bravamente na batalha final, mesmo sem conseguir derrotar tantos inimigos quanto Legolas.
Lembre-se: o elefante gigante conta apenas como um!
Nessa trilogia, podemos acompanhar o amadurecimento dos personagens. Principalmente dos hobbits, que começaram como criaturas inocentes e acabaram virando heróis. Os outros hobbits jamais saberiam disso, mas o mundo inteiro sabia.
Conquistaram esse título. Mereceram. É isso que deixa essa história e esses personagens tão especiais.
Os nomes dos meus livros são “Quer jogar? Tesouras não cortam só cabelo” e “Luzes, câmera e vingança”. Ambos estão disponíveis no Kindle e, na versão física, em sites como Mercado Livre, Ponto Frio, Americanas, Casas Bahia etc.! Confira as sinopses:
"Nesta distopia, diversas pessoas pagam um alto preço para assistir e ter a chance de entrar no honrado O Jogo, no qual há um grupo de pessoas e, ali, um assassino. Na Temporada 11, no entanto, algumas coisas dão errado, mudando o destino desse evento para sempre. Entre assassinatos brutais e disputas entre jogadores, a plateia faz apostas e observa-os com fogo nos olhos, mal podemos esperar para descobrir o que acontecerá a seguir." Dilva Camargo Artista Visual.
“Durante o jantar, ocorre uma morte repentina na mesa da família Capellier. No entanto, não podem chamar a polícia porque seu sobrenome não seria muito bem-visto na delegacia por causa do passado de Francisco, um corrupto de primeira classe.
Para a surpresa de todos, ele morre, mas ninguém iria no seu funeral porque era odiado pelo mundo inteiro. Para não deixar passar em branco, os Capellier, uma família burguesa, não podiam perder a oportunidade de convidar seus inimigos (pelo menos, os que podiam listar) para se hospedarem na sua mansão absurdamente glamorosa e compartilhar a raiva mútua que sentiam contra o homem que, agora, estava morto.
Todos aceitam o convite sem pensar duas vezes, mas a família não imagina o quão sedentos por vingança estão os convidados...”
Valéria do Sul
(Deivid Jorge Benetti),
do Portal de Notícias MPV
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