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Rio Grande do Sul Diversão

Tirolesa Mais Alta das Américas é Fechada em Cambará do Sul

Suspensão da operação no Cânion Fortaleza surpreende autoridades locais; queda no turismo e más condições das estradas são apontadas como causas.

05/09/2024 17h19
Por: Fernanda Redação Fonte: GZH
Foto:Úrbia Canyons Verdes
Foto:Úrbia Canyons Verdes

A tirolesa localizada no Cânion Fortaleza, no Parque Nacional da Serra Geral, em Cambará do Sul, foi fechada nesta quarta-feira (3), surpreendendo turistas e autoridades locais. O equipamento, inaugurado em julho de 2023, rapidamente ganhou notoriedade por ser o mais alto das Américas, com uma impressionante altura de 1.099 metros. No entanto, menos de um ano após sua abertura, a Urbia Parques, concessionária responsável pela gestão dos Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral, anunciou a suspensão das operações da tirolesa por tempo indeterminado.

Em comunicado oficial, a Urbia justificou a decisão citando o baixo fluxo de visitantes nos últimos meses, que teria inviabilizado a continuidade das atividades. Segundo a empresa, entre maio e agosto de 2024, a circulação de turistas na região caiu 60% em comparação com o mesmo período de 2023. A concessionária atribui essa queda à má qualidade das estradas que dão acesso ao parque e ao comprometimento da malha aérea para o estado do Rio Grande do Sul, fatores que têm dificultado a chegada de turistas à região.

A Tirolesa Mais Alta das Américas

A tirolesa no Cânion Fortaleza foi anunciada com grande entusiasmo em 2023, com a promessa de atrair aventureiros de todas as partes do mundo. A atração oferecia aos visitantes uma experiência única, proporcionando uma vista privilegiada da paisagem deslumbrante dos cânions enquanto deslizavam por quase 1,1 km de altura.

A instalação do equipamento fez parte de um esforço para fortalecer o turismo de aventura em Cambará do Sul, que é amplamente conhecida por suas belezas naturais e trilhas que atraem caminhantes e turistas em busca de contato com a natureza. A tirolesa se tornou um símbolo desse movimento, elevando a reputação do parque e colocando-o no mapa de destinos imperdíveis no Brasil.

No entanto, apesar do sucesso inicial, a operação foi interrompida após pouco mais de um ano, deixando muitos decepcionados.

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Queda no Fluxo Turístico

De acordo com a Urbia Parques, a principal razão para a suspensão da tirolesa foi o drástico declínio no número de visitantes ao parque nos últimos meses. Entre maio e agosto deste ano, o fluxo de turistas caiu 60% em relação ao mesmo período do ano passado, um impacto considerável para uma região altamente dependente do turismo.

A concessionária apontou as más condições das estradas que levam ao parque como um dos principais fatores para essa queda. A estrada de acesso à região, que já enfrentava problemas de manutenção, ficou ainda mais deteriorada com o passar do tempo, tornando a viagem até Cambará do Sul um desafio para muitos turistas. Além disso, o comprometimento da malha aérea para o estado do Rio Grande do Sul, com a redução de voos e conexões, dificultou ainda mais a chegada de visitantes de outras regiões do país.

"Combinados, esses fatores criaram uma situação insustentável para a operação da tirolesa", afirmou a empresa em nota.

Reação da Prefeitura e do Setor Turístico

A decisão de suspender a operação da tirolesa pegou de surpresa a prefeitura de Cambará do Sul e as entidades ligadas ao turismo local. O secretário municipal de Turismo, Fabiano Souza da Silva, expressou frustração pela falta de comunicação entre a concessionária e as autoridades locais.

“Fomos pegos de surpresa. Não houve nenhuma comunicação prévia com os órgãos responsáveis nem com o Conselho Municipal de Turismo. A tirolesa é o nosso principal produto turístico, e a empresa precisa ter o cuidado de nos manter informados sobre decisões como essa”, afirmou o secretário.

Fabiano ressaltou ainda que a tirolesa era vista como uma importante peça na estratégia de desenvolvimento do turismo de aventura na região. “Perdemos uma grande atração, e isso impacta diretamente na economia local. Estamos preocupados com o futuro do turismo em Cambará do Sul”, acrescentou.

A prefeitura agora busca dialogar com a Urbia Parques para entender melhor os motivos da suspensão e avaliar possíveis soluções para reverter o cenário negativo no setor turístico.

Impacto Econômico e Turístico

Cambará do Sul, uma das cidades mais famosas do Rio Grande do Sul por suas paisagens deslumbrantes, depende fortemente do turismo para a economia local. A interrupção das atividades da tirolesa representa um golpe para a cidade, que vinha trabalhando para se consolidar como um dos principais destinos de ecoturismo e aventura do Brasil.

Com a redução do número de visitantes e o fechamento de uma das suas principais atrações, muitos comerciantes e prestadores de serviços da região temem pela queda na movimentação econômica. Pousadas, restaurantes e empresas de turismo, que dependem do fluxo de turistas, já sentem os efeitos da diminuição de visitantes nos últimos meses.

“A tirolesa era um diferencial que colocava Cambará do Sul em evidência no cenário turístico nacional. Sem ela, tememos uma redução ainda maior no número de visitantes e, consequentemente, nas receitas do setor”, lamenta Ana Paula Dias, dona de uma pousada local.

Enquanto a tirolesa permanece fechada por tempo indeterminado, as autoridades locais e a Urbia Parques tentam encontrar soluções para reverter a crise. Melhorias nas estradas de acesso ao parque e a ampliação da oferta de voos para o Rio Grande do Sul são vistas como medidas essenciais para restabelecer o fluxo turístico e, eventualmente, reativar a tirolesa.

Por outro lado, a concessionária continua cobrando R$ 102 pelo bilhete de entrada, que dá acesso aos dois parques administrados pela Urbia Parques pelo período de sete dias. O alto custo do ingresso, somado à falta de infraestrutura adequada para atender os turistas, também tem sido apontado como um dos fatores que contribuíram para a queda no número de visitantes.

Para muitos, a suspensão da tirolesa representa não apenas a perda de uma atração turística, mas também um alerta sobre a necessidade de uma gestão mais eficiente e transparente das concessões dos parques naturais no Brasil. A falta de comunicação com as autoridades locais e a ausência de medidas preventivas para evitar o fechamento da tirolesa levantam questionamentos sobre a forma como o turismo em áreas de preservação ambiental está sendo conduzido.

O fechamento da tirolesa do Cânion Fortaleza levanta preocupações não só sobre o futuro do turismo em Cambará do Sul, mas também sobre os desafios enfrentados por áreas naturais em todo o Brasil. A falta de infraestrutura adequada, aliada à má gestão, pode comprometer o potencial de destinos turísticos únicos, como o Parque Nacional da Serra Geral. Agora, resta à Urbia Parques, ao governo local e aos demais envolvidos encontrar soluções para superar essa crise e garantir que o parque continue a ser um destino desejado por turistas de todo o mundo.

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