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Cavalo Caramelo e Vítima da Enchente Conduzem Chama Crioula em Porto Alegre.

Em evento marcado pela superação, cavaleiros homenageiam o resgate de um cavalo icônico e a solidariedade das vítimas das enchentes que devastaram o RS.

05/09/2024 18h06 Atualizada há 2 semanas
Por: Fernanda Redação Fonte: G1
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A abertura do Acampamento Farroupilha de Porto Alegre neste sábado, 7 de setembro, será marcada por simbolismos de superação e resiliência. A tradicional celebração da cultura gaúcha, que tem a Chama Crioula como um de seus principais ícones, contará com dois protagonistas que emocionaram o estado nos últimos meses: o cavalo Caramelo, resgatado de um telhado durante as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, e uma pessoa que, apesar de ter perdido tudo na tragédia climática, atuou como voluntária no socorro às vítimas.

O Acampamento Farroupilha é um dos eventos mais aguardados do ano no calendário gaúcho, celebrando as tradições, a cultura e o espírito farroupilha que moldaram a identidade do Rio Grande do Sul. Contudo, este ano, o contexto é ainda mais especial devido às perdas e dificuldades causadas pelas recentes enchentes no estado, que deixaram um saldo trágico de 183 mortos e milhares de desabrigados.

A Chama Crioula, símbolo máximo da cultura gaúcha, será conduzida por cavaleiros do grupo de cavalgadas Alfeu de Oliveira, de Butiá. Entre eles estará José Fernando Almeida Vieira, que traz em sua história uma conexão com as origens do movimento tradicionalista. José Fernando é filho e sobrinho de Fernando Machado Vieira e João Machado Vieira, membros do lendário "Grupo dos 8", responsáveis por fundar o primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG) do estado, o 35 CTG, em 1947. Esse grupo foi o responsável por criar a tradição da Chama Crioula, que há 77 anos é reverenciada no Rio Grande do Sul.

A chama será recolhida da Pira da Pátria, no encerramento do desfile de 7 de setembro, um evento cívico que celebra a independência do Brasil. "Seguiremos a cavalo até o Parque da Harmonia. Será um momento de muita emoção", afirmou Liliana Cardoso, secretária de Cultura de Porto Alegre e presidente da Comissão Municipal dos Festejos Farroupilhas. Para Liliana, este ano, a Chama Crioula simboliza não apenas a preservação das tradições, mas também a força e a união do povo gaúcho diante das adversidades.

Cavalo Caramelo: Símbolo de Esperança e Superação

Entre os cavalos que farão parte da cerimônia, um em especial ganhou notoriedade e conquistou o coração dos gaúchos e de todo o Brasil: Caramelo. Em maio deste ano, o cavalo foi encontrado ilhado em um telhado após as enchentes que atingiram o município de Canoas, um dos mais afetados pelas chuvas intensas. A imagem do animal preso em um local improvável, cercado pelas águas, viralizou nas redes sociais, mobilizando equipes de resgate e a solidariedade de milhares de pessoas.

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O Corpo de Bombeiros de São Paulo foi acionado para o resgate e, com o auxílio de veterinários, conseguiu retirar Caramelo do telhado. O cavalo foi sedado para que o bote de resgate não virasse durante o transporte, uma operação delicada que exigiu cuidado e experiência. Após ser salvo, Caramelo foi encaminhado ao hospital veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, onde recebeu tratamento para se recuperar dos dias em que ficou preso.

Desde então, Caramelo tornou-se um símbolo de resistência e superação, sintetizando a histórica relação entre o povo gaúcho e os cavalos, especialmente o cavalo crioulo, animal-símbolo do Rio Grande do Sul e considerado patrimônio cultural do estado desde 2002. A participação de Caramelo na abertura do Acampamento Farroupilha será um dos momentos mais emocionantes da celebração, representando a conexão entre a tradição, a natureza e a capacidade de superação em tempos difíceis.

Enchentes no RS:

O outro grande protagonista desta cerimônia será uma pessoa que, apesar de ter perdido tudo nas enchentes que atingiram o estado, não hesitou em se voluntariar para ajudar outras vítimas da tragédia. A identidade dessa pessoa, preservada até o momento da cerimônia, será revelada durante o evento, simbolizando a força de espírito e a solidariedade que surgiram em meio ao desastre.

As enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul em 2023 deixaram um rastro de destruição em diversas cidades. Mais de 183 pessoas perderam a vida, e milhares ficaram desabrigadas. Contudo, em meio à dor e à perda, muitas histórias de solidariedade e resiliência vieram à tona, mostrando a capacidade do povo gaúcho de se unir em momentos de crise.

Essa força coletiva será simbolizada na abertura do Acampamento Farroupilha, com a condução da Chama Crioula por essa vítima da enchente, que se destacou pela atuação como voluntário. “É um reconhecimento ao espírito de solidariedade que une todos nós. Mesmo nos momentos mais difíceis, conseguimos nos apoiar e ajudar uns aos outros”, comentou Liliana Cardoso.

A Tradição da Chama Crioula

A Chama Crioula é um dos maiores símbolos das celebrações farroupilhas. Ela foi acesa pela primeira vez em 1947, quando um grupo de jovens gaúchos, conhecido como "Grupo dos 8", decidiu criar um movimento que preservasse as tradições do Rio Grande do Sul. Desde então, a chama é acesa todos os anos e levada para diversos pontos do estado, sendo recebida com honras nas cerimônias de abertura dos Acampamentos Farroupilhas.

O Acampamento Farroupilha de Porto Alegre é o maior e mais tradicional do estado, reunindo milhares de pessoas para celebrar a cultura gaúcha com música, dança, gastronomia e cavalgadas. Neste ano, a cerimônia de abertura será marcada não apenas pela reverência às tradições, mas também pelo reconhecimento da capacidade de resiliência e solidariedade do povo gaúcho em tempos de adversidade.

O Acampamento Farroupilha deste ano é grande, não apenas pelo retorno à normalidade após os anos de pandemia, mas também pelo forte significado emocional que o evento carrega em 2023. A presença de Caramelo, o cavalo resgatado, e de uma das vítimas das enchentes, transformaram a cerimônia em um momento de reflexão e homenagem à capacidade do povo gaúcho de superar as dificuldades com união e solidariedade.

As atividades no Parque da Harmonia, onde o Acampamento Farroupilha é realizado, seguirão até o final de setembro, oferecendo ao público uma programação variada que inclui apresentações artísticas, concursos de culinária típica, provas de laço e, claro, muito churrasco. No entanto, a abertura com a condução da Chama Crioula promete ser o ponto alto das celebrações, tocando o coração de todos os presentes e daqueles que acompanham o evento à distância.

A Chama Crioula, carregada de simbolismo, servirá não apenas como uma homenagem às tradições gaúchas, mas também como um farol de esperança e superação para todos que enfrentaram as consequências devastadoras das enchentes. O Acampamento Farroupilha deste ano será, sem dúvida, lembrado como um evento marcado pela união entre a cultura e a solidariedade.

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