Na tarde desta quinta-feira, 5 de setembro, um protesto organizado por moradores da Zona Sul de Porto Alegre interrompeu completamente o trânsito na Rua Cruzeiro do Sul, no bairro Santa Tereza. O bloqueio começou por volta das 18h e se estendeu ao entroncamento com o Beco Coqueiros, impedindo a passagem de veículos em ambos os sentidos. A manifestação foi motivada por reivindicações de maior segurança na região, após uma série de ocorrências de violência que, segundo os moradores, têm se intensificado nas últimas semanas.
A Brigada Militar foi acionada e rapidamente chegou ao local para monitorar a situação, garantindo que o protesto permanecesse pacífico. Além disso, o Corpo de Bombeiros também foi mobilizado, já que os manifestantes atearam fogo em objetos sobre a pista, uma medida frequentemente usada em protestos para chamar atenção das autoridades e dificultar a liberação da via. O bloqueio causou um grande congestionamento nas ruas adjacentes, afetando o tráfego na região sul da cidade durante o horário de pico.
Os moradores da área justificam a manifestação devido ao aumento significativo de assaltos e furtos na região, além de episódios de violência envolvendo moradores. Segundo relatos dos manifestantes, a falta de policiamento ostensivo nas ruas tem deixado os moradores vulneráveis, gerando um clima de medo e insegurança.
Cláudia Silveira, uma das moradoras do bairro e participante do protesto, explicou que a situação se tornou insustentável: "Nós já fizemos várias solicitações formais para que as autoridades aumentem o patrulhamento na região, mas até agora, nada mudou. Estamos cansados de viver com medo, sem saber se nossos filhos vão chegar em casa em segurança ou se nossos bens estarão intactos."
Outro morador, João Carlos Mendes, também relatou sua preocupação: "A criminalidade está fora de controle. As ruas ficam desertas à noite, e os criminosos se aproveitam disso. Nós não estamos pedindo luxo, só queremos poder caminhar pelas ruas sem sermos vítimas de assaltos. Essa manifestação é um grito de socorro."
O bloqueio da Rua Cruzeiro do Sul, uma via importante da Zona Sul, teve impacto imediato no trânsito local, especialmente por ocorrer no fim da tarde, durante o horário de pico. Motoristas que tentavam acessar a região tiveram de buscar rotas alternativas, o que gerou congestionamentos em outras vias próximas, como a Avenida Tronco e a Avenida Divisa. O tráfego ficou lento e caótico, afetando quem tentava voltar para casa ou se deslocar para outros bairros da capital.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) foi acionada para orientar os motoristas e desviar o tráfego. No entanto, a interrupção total da via por horas tornou difícil a tarefa de evitar transtornos, e muitos motoristas ficaram presos no congestionamento. Algumas linhas de ônibus que passam pela Rua Cruzeiro do Sul também foram prejudicadas, deixando passageiros aguardando por mais tempo nos pontos.
"Fiquei presa no trânsito por mais de uma hora. Estava voltando do trabalho e tive de dar várias voltas para conseguir sair da confusão. Sabemos que os moradores têm seus motivos para protestar, mas a situação no trânsito ficou caótica", relatou Carla Nunes, que estava voltando para casa após um longo dia de trabalho.
A Brigada Militar, presente no local desde o início do protesto, manteve uma postura de observação e controle da situação, garantindo que não houvesse confrontos ou incidentes mais graves. Segundo o tenente André Ferreira, que coordenou a equipe no local, o objetivo era garantir a segurança dos manifestantes e dos demais moradores, além de prevenir qualquer escalada de violência. "Entendemos a angústia da população e respeitamos o direito de manifestação. Nosso trabalho aqui é evitar que a situação saia do controle, mantendo a ordem pública", afirmou o tenente.
Até o momento, a Brigada Militar não fez uso de força para dispersar os manifestantes, preferindo uma abordagem mais conciliadora. Um representante da prefeitura foi enviado ao local para ouvir as reivindicações dos moradores, na tentativa de mediar uma solução e evitar novos protestos.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul informou que está ciente das demandas da população da Zona Sul e que medidas estão sendo tomadas para melhorar o policiamento na região. "Estamos reavaliando o planejamento das rondas policiais e pretendemos aumentar a presença da Brigada Militar nas áreas mais críticas, inclusive no bairro Santa Tereza. A segurança pública é uma prioridade do governo estadual, e estamos trabalhando para garantir mais tranquilidade à população", dizia o comunicado.
A Zona Sul de Porto Alegre tem enfrentado um aumento nos índices de criminalidade nos últimos meses, em especial nos bairros Santa Tereza, Cristal e Vila Cruzeiro. Assaltos à mão armada, furtos de veículos e arrombamentos de residências têm sido reportados com frequência, e muitos moradores já relataram casos de violência direta ou indireta.
Os dados da Secretaria de Segurança Pública confirmam um aumento nas ocorrências de crimes patrimoniais, especialmente durante a noite e em áreas com pouca iluminação. A sensação de insegurança levou muitos moradores a adotarem medidas preventivas, como a instalação de câmeras de vigilância e a criação de grupos de WhatsApp para monitorar a movimentação suspeita nas ruas.
O aumento da criminalidade na Zona Sul também tem sido um reflexo da situação econômica do país, que gerou mais desemprego e exclusão social, fatores frequentemente associados à elevação da violência urbana. Os moradores, contudo, esperam que o governo tome medidas mais enérgicas para conter o problema e garantir a segurança da população.
Embora a manifestação desta quinta-feira tenha causado transtornos no trânsito e interrompido a rotina da região, os moradores esperam que ela sirva para alertar as autoridades sobre a urgência das demandas por mais segurança. "Queremos ser ouvidos e que algo seja feito. Não estamos aqui para causar problemas, mas sim para buscar soluções", disse Cláudia, uma das líderes do protesto.
Até o início da noite, os manifestantes ainda ocupavam a via, aguardando um posicionamento oficial das autoridades sobre as medidas que serão adotadas para melhorar a segurança no bairro. O protesto foi um reflexo da crescente insatisfação de uma comunidade que, diante do aumento da violência, se viu obrigada a ocupar as ruas para exigir seus direitos.
A expectativa é que, com o diálogo iniciado com representantes do governo, soluções concretas possam ser implementadas para trazer mais segurança e tranquilidade aos moradores da Zona Sul de Porto Alegre.
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