Se você não sabe o que “s/n” significa, sinta-se abençoado! Esse termo surgiu por meio das fanfics, histórias criadas por fãs, para que quem lê a história considere que o protagonista seja ele mesmo. Essas histórias sempre são bem... caóticas, para dizer o mínimo.
Sequestros que se transformam em romances são bem comuns! “Ele me deu um tapa e foi assim que descobri que ele me amava” e “Ele tirou minha calcinha, me deixando apenas de sutiã e calcinha” são frases icônicas criadas por personagens definidas como s/n.
O termo significa “seu nome”. Em outras palavras, o personagem em si não possui um nome, já que é usado o nome da pessoa que está lendo. Se eu estivesse lendo uma história com esse termo, por exemplo, o personagem se chamaria “Renatha”. Se uma tal de “Maria” estivesse lendo, o personagem se chamaria “Maria”.
No entanto, esse termo vem sido julgado há anos. Enquanto alguns amam, outros odeiam e vim aqui expressar minha opinião sincera: como alguém consegue criar um personagem sem dar um nome?!?! Digo isso como escritora.
Quando crio um personagem, cada um tem sua personalidade específica e suas características. Sinto que usar “s/n” tira o brilho do personagem, já que ele se transforma no público e não em alguém que o público quer se transformar.
Não é preciso usar “s/n” para alguém se identificar! Basta ser um personagem único e admirável. A Ramona Flowers, por exemplo, possui um penteado diferente e uma personalidade chamativa. Por isso ela se destaca! Sem contar que ela é um ícone do estilo de personagem “diferente das outras garotas”, o que faz com que as garotas diferentes das outras garotas na vida real a adorem!
Outro exemplo é o James Dean, um ícone rebelde. Foi o primeiro personagem no estilo “americano que vive a vida adoidado” que existiu na história do cinema e, por isso, até hoje é mencionado em músicas como “Style”, da Taylor Swift.
Mencionei essa música porque, nela, a Taylor diz que o homem para o qual está cantando a música tem o olhar do James Dean. Ou seja, para ela, ele se parece com o James Dean e isso não significa que também se chame “James”!
Mas a questão é: de onde surgiu o termo “s/n”? Vamos começar do começo: fãs.
Como mencionei antes, o termo surgiu por meio de histórias que vieram de outras histórias. Ou seja, é como se quem está lendo esteja no mundo de “Harry Potter”, mas todos nós sabemos que não está na história real, mas sim nessa nova versão da história.
Por serem histórias geralmente escritas em primeira pessoa com personagens que não existem naquele universo, decidiram inventar o termo “s/n” porque, já que o protagonista não existe mesmo, acharam genial colocar o leitor como protagonista.
Realmente acho que foi revolucionário e criativo quando surgiu, mas hoje em dia “s/n” virou uma piada! Ninguém leva a sério, principalmente pelos absurdos aos quais a s/n sempre é submetida.
A ironia principal vem quando a descrição da tal protagonista (geralmente é uma mulher e eu já vou explicar melhor o motivo) é algo como “modelo famosa e muito rica com cabelo naturalmente loiro e olhos azuis”. Tudo bem, entendemos que é uma história, mas desde quando eu, Renatha Pessoa, vulgo s/n, sou assim?! Eu sou uma escritora iniciante com cabelo falsamente roxo e olhos castanhos!
Entendo que, quando lemos uma história, mergulhamos nela, mas prefiro me identificar com a modelo famosa e muito rica com cabelo naturalmente loiro e olhos azuis ao invés de ser ela. São coisas bem diferentes!
Vamos usar “Melhor do que nos filmes”, por exemplo, porque é um livro com uma leitura simples de compreender, divertida e, ao mesmo tempo, recheada de detalhes. Nossa protagonista em momento algum nos diz na cara dura que somos como ela, mas certos aspectos da sua vida fazem com que nós fiquemos com um certo apego emocional no bom sentido.
Ela vive a comédia romântica dos sonhos! Todos os leitores querem ser ela, mas não significa que nós somos, principalmente porque não nos identificamos com todos os detalhes da nossa personalidade, apenas alguns. Talvez todos, mas é muito difícil encontrar um personagem tão parecido com você!
Como mencionei antes, algo que nos conecta com as personagens é a paixão por comédias românticas. Mesmo tendo meu lado sanguinolento, principalmente na minha escrita, sou loucamente apaixonada por comédias românticas!
Mas eis a questão: por que as fanfics geralmente são direcionadas para mulheres? Para que você tenha uma ideia: “A plataforma Kocowa, sediada nos Estados Unidos e com escritórios no Brasil e na Coreia do Sul, indica que 85% do seu público global é feminino.”
O kpop, o exemplo citado, é um fandom (grupo de fãs) que procura com muita frequência esse estilo de texto. Sem contar que muitas, muitas e muitas fanfics são +18 e, por isso, os autores decidem protagonizar as mulheres, talvez porque notaram ao longo dos anos que é isso que o público quer.
Sem contar que um roteiro muito comum é “s/n era uma simples mulher da cidade pequena e de repente foi sequestrada pelo Jimin que é chefe da máfia e, por um motivo que ninguém sabe, quer ela”. A ideia de “garota diferente das outras garotas” se espalhou pela comunidade das fanfiqueiras (as garotas que leem fanfics) rapidamente e com certeza formou boa parte das personalidades de quem cresceu lendo esse tipo de história.
E você? O que acha da s/n e das fanfics no geral? Admito que, as histórias que vi por aí, são bem malucas, mas pode ser uma experiência divertida caso você queira dar uma boa gargalhada. Mesmo assim, algumas histórias do Wattpad (plataforma frequentemente usada para esse estilo) acabaram virando livros!
Os nomes dos meus livros são “Quer jogar? Tesouras não cortam só cabelo” e “Luzes, câmera e vingança”. Ambos estão disponíveis no Kindle e, na versão física, em sites como Mercado Livre, Ponto Frio, Americanas, Casas Bahia etc.! Confira as sinopses:
"Nesta distopia, diversas pessoas pagam um alto preço para assistir e ter a chance de entrar no honrado O Jogo, no qual há um grupo de pessoas e, ali, um assassino. Na Temporada 11, no entanto, algumas coisas dão errado, mudando o destino desse evento para sempre. Entre assassinatos brutais e disputas entre jogadores, a plateia faz apostas e observa-os com fogo nos olhos, mal podemos esperar para descobrir o que acontecerá a seguir." Dilva Camargo Artista Visual.
“Durante o jantar, ocorre uma morte repentina na mesa da família Capellier. No entanto, não podem chamar a polícia porque seu sobrenome não seria muito bem-visto na delegacia por causa do passado de Francisco, um corrupto de primeira classe.
Para a surpresa de todos, ele morre, mas ninguém iria no seu funeral porque era odiado pelo mundo inteiro. Para não deixar passar em branco, os Capellier, uma família burguesa, não podiam perder a oportunidade de convidar seus inimigos (pelo menos, os que podiam listar) para se hospedarem na sua mansão absurdamente glamorosa e compartilhar a raiva mútua que sentiam contra o homem que, agora, estava morto.
Todos aceitam o convite sem pensar duas vezes, mas a família não imagina o quão sedentos por vingança estão os convidados...”
Valéria do Sul
(Deivid Jorge Benetti),
do Portal de Notícias MPV