A falta de chuvas regulares no Rio Grande do Sul já provoca impactos preocupantes nas lavouras, com agricultores de diferentes regiões estimando perdas significativas. Em Santa Rosa, no Noroeste do Estado, choveu apenas quatro vezes acima de 10 milímetros em dezembro, enquanto janeiro ainda não registrou precipitações. Cenários semelhantes se repetem em São Borja, na Fronteira Oeste, e São Sepé, na Região Central, onde lavouras enfrentam até 30 dias sem chuvas expressivas.
"Nas sojas precoces, a quebra chega a 50%. As mais tardias ainda têm alguma chance de recuperação, mas o prejuízo já é enorme", relata Leonardo Soprano, produtor de soja em São Sepé. O agricultor contabiliza cinco estiagens em sete anos, enfrentando, ainda, excesso de chuvas em uma das safras. O cenário também levou produtores como Daniel Calegari, de Soledade, a abandonar o cultivo de soja nesta safra.
Segundo a meteorologista Estael Sias, da MetSul, a redução das chuvas no Estado desde dezembro é reflexo de um enfraquecimento no canal de umidade da Amazônia, principal regulador de precipitações no Brasil. A chegada tardia do fenômeno La Niña agrava o cenário, aumentando o risco para culturas como soja e milho. "Embora as chuvas possam retornar no fim de janeiro, serão rápidas e irregulares, insuficientes para reverter a situação", explica Sias.
Fevereiro e março devem seguir com chuvas pontuais e períodos secos prolongados, ampliando os desafios para o setor agrícola. Mesmo em regiões com precipitações recentes, como a Serra e o Leste do Estado, os volumes permanecem abaixo de 10 milímetros, evidenciando a vulnerabilidade climática que afeta a economia e a segurança alimentar no Rio Grande do Sul.